O Viajante

Quiseram que eu me sentisse culpado
Pelos erros e dores de outros homens
E carregasse uma cruz que não me pertencia.

Mas eu não aceitei.
E cada dia agora é apenas meu.
Ao menos, quando erro, sei que errei,
E não preciso fugir ou fingir
Que não fui eu.

Agora cada dia é diferente
Porque segui o caminho que escolhi.
E embora todos digam
Que sou um tolo ingênuo sonhador
Eu sei bem o que sou
E sei bem o que vai por trás de cada rosto.

Pois por mais que se finja estar contente
Não se pode enganar a seu próprio coração.
Quando não se segue em liberdade, quando se é apenas
Mais um em meio a muitos,
Apenas mais um homem respeitável e empreendedor
E absolutamente vazio de sonhos e alegria,
O que se pode esperar da vida?

Não, eu não quero suas cruzes,
Seus valores antigos e vazios.
Não preciso de valores. As melhores coisas
São aquelas a que ninguém dá valor algum,
E são tudo o que quero.